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A doença da pressa

A doença da pressa
Cintia Lima
ago. 18 - 7 min de leitura
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Hoje escutei uma frase que considerei diferente, mas ao mesmo tempo muito comum. Era de alguém que acabara de chegar atrasado na aula e disse: “quanto mais me apresso, mais me atraso!”. Todos na sala riram, inclusive eu. O engraçado não foi somente a frase, mas a maneira verdadeira como esta pessoa referia-se ao fato de ter pressa e mesmo assim não conseguir realizar o que precisa dentro do prazo e sentir-se frustrada com os resultados e ainda com uma carinha de quem nem sabia por que estava mesmo ali. Talvez esta frase pudesse ser trocada por tantas outras que escutamos ou falamos com certa frequência, como:

- Agora não tenho tempo para isto.

- Não tenho tempo nem para fazer, quanto mais para planejar o que fazer.

- O tempo voa e eu aqui com tanta coisa que já deveria ter feito.

- E tantas outras, com a mesma ideia, e que você já ouviu.

Lembro de uma história que nos direciona para um ponto importante sobre o que eu gostaria de escrever hoje: Uma carruagem apressada ultrapassou João enquanto andava até a próxima cidade. O cocheiro, que parecia ter muita pressa gritou: “Quanto falta até a próxima cidade?” João respondeu: “Se andar devagar, meia hora, se andar depressa, meio dia.” Seu idiota gritou o cocheiro, agarrando o chicote e atiçando os cavalos, de maneira que a carruagem andasse ainda mais rápido. João continuou andando na estrada que tinha muitos buracos, e cerca de uma hora mais tarde, encontrou a carruagem quebrada no meio da estrada e disse ao cocheiro: “Eu lhe avisei: se andasse devagar, meia hora...”

Neste sentido, pressa é muito diferente de velocidade, que considera manter o essencial, “gerenciando” bem as horas através de técnicas que economizam o tempo e nos faz adotar um estilo de vida equilibrado e sem estresse, porque sabemos exatamente qual momento é o da alta velocidade e qual o momento de parar, sem culpa. Para isto é importante planejar antecipando-se ao futuro, para tomar decisões hoje, de maneira mais rápida e que considere o resultado em ambientes complexos, avaliando as alternativas e analisando as possibilidades de conflito e não apenas tomando decisões “afobadas”, sem riscos calculados, que podem gerar perdas e retrabalhos e muitos deles difícil demais de arrumar.

Sabe que eu já sofri de forma crônica a doença da pressa? Não sei se estou completamente curada, mas certamente já conheço os sintomas e mantenho-me alerta para que ela não desorganize meu planejamento, perturbe minha execução com atividades circunstancias ou interrompa o foco necessário para resultados significativos de longo prazo.

Não quero falar do gerenciamento do tempo, inclusive porque não é possível “gerir” o tempo. Só podemos gerenciar a nós mesmo e com isto, o gerenciar a nossa vida em determinadas áreas. Por mais pressa que tenhamos ou por mais lentos que sejamos, ainda assim, os segundos estão passando sem podermos fazer nada para impedir. Diante disto, que tal pensar no que temos feito na nossa “linha do tempo”?  Quer um exercício?

Pegue uma fita métrica, ou seja, uma fita de 100 cm e imagine que ela representa 100 anos, o que significa uma excelente expectativa de vida. Estique agora essa fita, coloque seu polegar no número correspondente a sua idade atual. Observe os números à esquerda do polegar, estes são do seu passado, os anos que ficaram para trás. Se foram tempos de alegria ou de tristeza, ou as duas coisas, no fim o que fica são os aprendizados, porque em termos de tempo produtivo não importa mais, uma vez que você não pode fazer o tempo voltar. Neste sentido, o mais importante é sua linha à direita, para que você possa refletir, mais do que atividades e pressa, o que realmente estou fazendo com as horas que tenho? Quanto tenho gerado de velocidade e não de ansiedade? O que faço realmente faz sentido ou não tenho qualquer propósito?

Pensar nisto faz você entender se corre com alguma direção ou tem velocidade para uma direção que nem importante é, mas o faz pelo simples fato de todos a sua volta terem pressa? O estímulo neste artigo é para fazer refletir sobre os motivos pelo qual você gera alta velocidade e não somente um acumulado de atividades na agenda para o qual precisa se apressar para concluir e no fim não traga qualquer razão na sua “fita métrica”.

Muitos geram pressa porque passam a acreditar no lema criado por Benjamim Franklin que tempo é dinheiro, e vivem a vida toda correndo para ter e não entendendo o sentido de ser antes do ter. A esse posicionamento materialista e quantitativo em relação ao tempo, quero poder fazer um contraponto para uma visão qualitativa: tempo é vida. E para vida, quero desfrutar sem pressa cada momento único do viver.

Portanto, um estímulo para antes da ação é ter traçado as razões pelas quais vale a pena ter alta velocidade, como: o que você quer alcançar na vida? Quais valores são importantes para se cultivar? O que gostaria de ter alcançado no final da sua trajetória? Quando estas respostas estão mais claras, é possível estabelecer tarefas, atividades, trabalhos e outros que estejam completamente conectados com sua razão de ser e trabalhar para ter disciplina e foco sem ansiedades ou desgastes. Por isto que a direção é mais importante que a velocidade. Depois de estabelecida a direção, o que você terá é alta velocidade, mas não a opressão diante do ponteiro do relógio que vai avançar sem você poder fazer nada, mas para um horizonte de possibilidades de ser que você nasceu para ser. Nesta hora, acordar fará mais sentido e não precisará perguntar com voz entristecida: já posso levantar ou ainda tenho tempo?

Hoje é o 1o dia do resto de sua “fita métrica”. Você pode começar devagar, porque tem muita pressa e mesmo sendo clichê, vale escrever que não podemos dar mais dias à vida, e sim mais vida aos dias.

 

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Psicóloga, Master Coach e Mentora Organizacional

 

 

 

 

 

 


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