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A mesa que cura.

A mesa que cura.
Priscila Furtado
jun. 5 - 4 min de leitura
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Vivenciei um período de 5 anos de depressão profunda. Não havia em mim nenhuma motivação para estar inserida na sociedade, nem mesmo com minha família. Não me conformava por estar nesta situação e ao mesmo tempo não encontrava forças e solução para sair dela. Este período não fazia sentido para mim. 
Não entendia como eu, uma mulher plenamente realizada profissionalmente, espiritualmente, boa mãe, esposa dedicada, chegou a tal situação, ao ponto de perder o prazer de viver.  Sentia um vazio e afogava minhas dores nas lágrimas em meu travesseiro, por inúmeros dias trancada em meu quarto. Minha cama era o único lugar que tinha prazer de estar. Deixava de lado até mesmo as necessidades mais básicas de um ser humano, como higiene, alimentação e outros cuidados que toda mulher vaidosa gosta de ter.
Certa vez, deitada como sempre... veio até a minha cama uma voz que sussurra de maneira doce e angelical me chamando para levantar. Muitas outras já haviam feito isso, mas nenhuma me impactou tanto quanto essa, que com voz frágil e olhar sereno e bem apelativo disse:
“Mãe, ô mãe levanta...”
“Porque você não levanta...”
“Vamos comer mãe...”
“Mãe, estamos te esperando...”
“Mãe, vamos, só falta você.”
Ao ouvir e ver ele apelando e insistindo para estar na mesa, não tive como dizer não, e fui, fui sem forças mais fui. E diante de todos ali vi o quanto era importante e prazeroso ver a alegria e a satisfação de todos ao mesmo tempo ao redor da mesa. Aquele dia me impactou tanto e trouxe a esperança de dias melhores.
Foi ali, nesse exato momento que virou a chave dentro de mim, e vi o quanto eu estava perdendo. Momentos de alegria e comunhão com minha família. Percebi a conexão que a mesa poderia me trazer e me reconectar as pessoas que amo. Cada olhar cada sorriso trazia de volta o prazer de viver. Tudo começou a fazer sentido.
Ali eu vi a possibilidade de resgatar os laços familiar, e me reposicionar recuperando todo tempo perdido da infância e adolescência dos meus filhos. Comecei a desejar, cada dia mais, estar à mesa com eles. A mesa passou a ser o pretexto para reunir toda família e amigos e me comunicar enquanto nos alimentávamos.
Minha mesa não tinha luxo, mas tinha amor; não tinha louças caras, mas tinha o valor que eu precisava naqueles momentos; não tinha comida sofisticada, mas tinha o Pão da presença que eu precisava.
Orações e gratidão a Deus faziam parte de nossas reuniões, e ali a presença divina pairava, trazendo o remédio que me curava.
Fui ganhando forças e motivação para não deixar esses momentos acontecerem de qualquer maneira. Fui desejando cada vez mais, montar mesas. Fiz um compromisso de não deixar esses momentos de comunhão à mesa e valorizá-los cada vez mais em meu lar.
Preciso te dizer, não importa o ter isso ou aquilo para montar a sua mesa. Se importe com quem você vai estar à mesa. Se importe com esse momento em que você vai poder trocar olhares, afetos, resgatar memórias, liberar perdão, e gerar paixão e desejos de voltar ao lar.
Que esses momentos em família possam te conectar com as pessoas que você ama, e também com o criador e autor da vida. Ele nos formou, sonhou, desejou que estivéssemos sempre em família, e que através da minha e da sua família, amigos possam fazer parte dessa mesa e serem influenciados por ela e pela presença do Pai celestial. Que assim como a mesa nasceu no coração de Deus, ela venha ser o desejo do seu coração hoje e sempre.
Assim como eu fiz, você também pode fazer.
Me reergui e superei...
Você também pode! Você e capaz! 

Priscila Furtado

 

 


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